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Neide Graça
Uma conversa mineira...
Eu sou de Minas, de cidade com sotaque nordestino. Pirapora faz parte de mim, está encravada como pedra preciosa no coração. Tudo de lá chama a minha atenção. No programa de TV primeiro veio a voz mansa de sotaque conhecido, depois a referência à cidade do coração. Despertado o interesse fui ficando hipnotizada pela história e pelo excepcional trabalho daquela família. E como não soube deles antes? Foi assim que conheci Sávia Dumont, de forma bem casual. Daí surgiu a missão como consequência: achar o que pudesse das histórias bordadas deles. Era tempo de volta à terrinha, e aí, é claro, tratei de encontrar a família bordadeira. Por sorte estava acontecendo oficina de bordado no ICAD (Instituto de Promoção Cultural Antônia Diniz Dumont). Fui lá de tiete, eu e todos os livros que consegui reunir e vi bem de perto o que já era imaginação: show de sensibilidade, arte e simplicidade. Tive, no intervalo da oficina, especial hora de autógrafos. Sorte minha!
Nunca economizei adjetivos para falar da minha terra. Ninguém é da beira do São Francisco impunemente. Acho um privilégio sagrado o amor às nossas origens. O que mudou agora é que a partir de então passei a acrescentar a família Dumont nesse orgulho de pertencimento. Por conta de tudo isso o infantojuvenil para todas as idades do nosso blog (www.livrosparatodasasidades.blogspot.com.br) ganhou muita linha e cor das histórias de Sávia e sua inspirada família. (comentários dos livros incluídos no blog).
Ainda havia para mim uma última questão: escolher um livro de Sávia nossa homenageada-representante da família Dumont. Missão quase impossível. Mas os versos de Carlos Rodrigues Brandão “As mãos fiandeiras / Desenham bordam / Escrevem e pintam / O São Francisco Rio do destino / Com as sete cores / Do encantamento” me ajudam na escolha do “ABC do São Francisco”. A sua edição bordada reina imponente na minha estante. Não bastasse tanta beleza ainda tem o conteúdo social do “Projeto Caminho das águas” sonhado e realizado pelas irmãs educadoras. O rio e o bordado são as linhas da vida dessa família. Falar do velho Chico é fácil, mas dar “um gole de água ao rio” é necessidade que só quem é de lá entende tão bem. Salve Sávia! Salve família Dumont! Novos projetos virão e nos encontramos por aí! (Neide Graça)